Publicado em: 1 de maio de 20223.5 min. de leitura

Skin Picking também conhecido como o ato de beliscar a pele é atualmente considerado um transtorno psicológico pelo DSM V, denominado de Transtorno de Escoriação.

Basicamente o Skin Picking se caracteriza pelo ato de beliscar a pele de forma consistente, causando escoriações. Uma característica peculiar deste transtorno é que os pacientes têm consciência de que são eles mesmos que geram as lesões, no entanto, o ato em si é impulsivo, ou seja, no momento em que está praticando as escoriações, o paciente não percebe.

Além disso, os pacientes também sofrem com as tentativas de parar ou evitar com as escoriações. Um episódio desse pode durar em torno de uma hora, tanto com a prática da escoriação, como na tentativa de evitar o ato.

Nem sempre o Skin Picking foi visto como um transtorno

Apenas recentemente é que ele ganhou espaço e notoriedade avançada na área dos transtornos psicológicos, e assim, foi incluído no novo Manual de Transtornos Mentais como um transtorno próprio.

O ato da escoriação pode estar associado a diversas questões, como por exemplo, pode estar direcionado a apenas alguns locais ou apenas realizado em crostas de machucados, por exemplo. Pode estar associado a uma busca por alívio de tensão, tédio, ansiedade, ou por sentimento de desajuste aos padrões sociais. 

Dessa forma, é fácil imaginar todos os problemas que este ato causa na vida do paciente. Afinal, o ato de escoriar a pele pode levar a danos significativos à pele, assim como cicatrizes. Com isso, os pacientes tendem a buscar esconder estas partes do corpo, ou se isolar socialmente.

A importância das alterações no DSM V

Anteriormente, o Skin Picking, ou Transtorno de Escoriação era considerado parte do Transtorno Obsessivo Compulsivo, no entanto, após alguns estudos, foi observada a necessidade de tornar este um transtorno próprio. Isso porque, o ato de escoriação era visto apenas como um sintoma de outros transtornos, e não como um transtorno próprio.

A partir dessas mudanças, foi possível planejar e elaborar formas de diagnóstico e tratamento mais assertivas para o transtorno. Além disso, dessa forma também viabiliza o entendimento de outros fatores associados, como problemas familiares e traumas.

Antes de todo esse processo de alteração no DSM V, o Skin Picking era considerado também como um sintoma identificado em usuários de drogas e transtornos psicóticos. Dessa forma, era quase impossível identificar o que estava por trás do ato da escoriação, afinal, esse era visto como uma consequência de outros problemas, e não como o problema propriamente dito.

O DSM V aponta que a prevalência maior está em pessoas do sexo feminino entre os 40 e 50 anos, no entanto, um outro grupo com grande incidência são os jovens. Isso porque, este grupo tende a iniciar escoriações em lesões preexistentes, como a acne por exemplo. Este ato inclusive, pode evoluir e seguir para a vida adulta de outras formas.

Identificando e tratando o Skin Picking

É certo que para um diagnóstico correto é preciso a avaliação de diversos profissionais, por isso, um trabalho multidisciplinar é sempre a melhor solução. No entanto, vale ressaltar que é importante buscar por profissionais que entendam do transtorno, especialmente dentro das novas atualizações.

Portanto, se você identifica comportamentos recorrentes de escoriações na pele e isso lhe causa angústia, ansiedade, sofrimento psicológico e físico, não deixe de procurar ajuda médica. Atualmente existem escalas que auxiliam nesse processo de diagnóstico, inclusive identificando consequências emocionais e sociais causadas pelo Skin Picking.

O tratamento pode ser feito através de medicamentos nos casos em que as escoriações causaram lesões na pele, sendo necessário o uso de antibióticos em alguns casos. Além disso, o tratamento psicoterapêutico vem como uma forma de buscar ressignificar os comportamentos e pensamentos que desencadeiam as escoriações.

 

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Texto escrito por Francielle Bechtold, psicóloga, mestre em crítica textual pela Universidade de Lisboa e colaboradora do Conteúdo Natural.

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